sexta-feira, 16 de novembro de 2007

AMAL



AS DIVERGÊNCIAS NA AMAL

João Vasconcelos (*)

Nos últimos dias temos assistido a uma troca de “mimos”, de acusações e contra-acusações entre alguns responsáveis do PSD e PS no Algarve, nomeadamente, entre o Presidente da Junta Metropolitana do Algarve (AMAL), e os Presidentes da Câmaras de Faro e de Olhão. Tudo isto não poderá passar de mais um mero “fait-divers” entre social-democratas e socialistas, sabendo-se que grande parte das divergências entre estas duas forças políticas não passa de pura retórica. No essencial, quando chega a hora da verdade – veja-se a nível nacional -, estão de acordo, borrifando-se para os cidadãos e para as suas reivindicações.
Assim se têm unido estes dois partidos nas “negociatas” à volta da Região de Turismo do Algarve, contra a implementação da Regionalização, preparam-se para impor os executivos municipais monocolores e ambos têm primado por um modelo de desenvolvimento económico errado, o que tem agravado as assimetrias sociais e ambientais e conduzido a uma maior especulação, fenómenos de corrupção, pobreza e desemprego na Região e um pouco por todo o país. Quando estão na oposição, PS e PSD têm um discurso, mas assim que se apanham no poder esquecem as promessas e tocam outra música – no fundo, são as duas faces da mesma moeda.
As recentes divergências colocam em perigo o futuro da AMAL? Mas o que é a AMAL actualmente? É um nado quase morto! Representa pouca importância política para o Algarve. Como se sabe, a sua criação foi uma espécie de “cozinhado” entre aqueles dois partidos para entravar o processo de regionalização. Por outro lado, o Partido Socialista não tolera o facto de não dominar politicamente quer a Junta, quer a Assembleia Metropolitanas, ficando deveras irritado quando, do seio destes órgãos, surgem críticas ao poder central.
De facto, Sócrates e o seu Governo estão a ir longe demais. Não lhes bastou aumentarem os impostos, o período de trabalho para se conseguir a reforma, o número de desempregados, o regabofe das privatizações, os privilégios dos que mais têm. Agora prosseguem com afinco a destruição da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde com o objectivo de favorecer os interesses privados. Encerram-se escolas, tribunais, serviços de correios, postos da GNR e PSP, maternidades, serviços de urgências e de SAP’s. Não se investe em hospitais como o Hospital de Faro ou o Hospital do Barlavento, tornando-se as suas Urgências em autênticos caos. Quem mais sofre com estas medidas são as populações que precisam e menos carenciadas. Chama-se a isto uma política de terra queimada e de “terrorismo social”.
Funcionando mais próximo dos cidadãos, os órgãos autárquicos, quer sejam as Câmaras e Assembleias Municipais, quer seja a AMAL, deverão ter uma atitude crítica para com o poder central sempre que as acções ou intenções deste lesem os interesses das populações. Será gravemente lesivo para o Algarve impor portagens na Via do Infante, tal como é gravemente nefasto e atentatório do interesse público encerrar SAP’s e serviços de urgência, concentrando-os nas urgências dos Hospitais de Faro e Portimão. A demissão de 19 chefes de equipa do serviço de urgências do HDF é uma prova dessa gravidade. Não sendo demais denunciar estas situações, não será por isto que o futuro da AMAL estará em risco – Sócrates há muito que decretou a sua morte.

(*) Autarca, membro da Assembleia Metropolitana do Algarve
pelo Bloco de Esquerda

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